MORTE POR ORGASMO


ADVERTÊNCIA: contém linguagem e assunto inapropriados para menores de 12 anos



Não me lembro como, mas há cerca de 3 meses deparei-me com uma notícia veiculada aqui, na internet, que me chamou muito a atenção: “Menina morre ao ter orgasmo ininterrupto de 12 minutos”.

A primeira ilação que fiz foi lúgubre, obviamente: “Coitada..!”. Depois comecei a enxergar o lado cômico da notícia: “Pô, que morte legal! Quisera eu morrer assim - gozando infinitamente!” Infinitamente vírgula: esse lance tem como fim a sua morte, não se esqueça!! Minha esposa, por exemplo, não gostou muito dessa ideia, já imaginando meus últimos momentos de vida e minhas últimas palavras: “Oh, yes! yes! yes! yes! yes! yeeeeeeeeeees..! (silêncio...)”

A curiosidade pelo fato me fez ir ao site que originou a notícia. Permitam-me reproduzi-lo, aqui, caros leitores, para que vocês bebam da própria fonte. Por ser uma citação e por outros motivos óbvios, vou reproduzir esse texto em fonte do tipo “comic sans”, até porque ainda não inventaram a fonte “tragicomic sans” (rsrs), e também para vocês saberem que não se trata de palavras de minha autoria. Diz o texto da reportagem:

“Um caso raro resultou na morte da estudante Bianca (...), 21 anos, de Belém (PA), que entrou em transe, ao ter um orgasmo prolongado por 12 minutos, e acabou indo a óbito. A jovem estava tendo uma relação com uma amiga de faculdade. O hospital que recebeu Bianca confirmou que o orgasmo ininterrupto de 12 minutos foi a causa da morte.
“Ela segurou forte o colchão com as unhas enfincadas, abriu a boca em forma de “Ó”, e as pupilas dos olhos ficaram girando, dando voltas, como se estivessem soltas dentro dos olhos dela”, contou a amiga que estava presente durante a tragédia.
A amiga contou também que, começou a desconfiar quando, aos 10 minutos, Bianca continuava na mesma posição, olhos revirando, e com a boca aberta gritando alto. “Aos doze minutos ela apagou, e eu corri atrás de uma ambulância”, disse a amiga.
A pedido da família, a polícia vai investigar o caso. O delegado disse, em conversa com a reportagem de G17, que a amiga da vítima poderá responder por homicídio sem intenção de matar, se ficar comprovado, através de laudos, que ela foi a responsável pela morte da amiga.”

Saca só a foto que ilustra a matéria no site originário:
Fiquei imaginando o desespero que deve ter tomado a parceira sexual da jovem falecida (nego-me, terminantemente, a qualificá-la como “desafortunada jovem”) naquela tragédia: a parceira sobrevivente tendo que largar o serviço e, deixando a outra se estrebuchando na cama, provavelmente gritando yes, yes, yes, para telefonar, trêmula, para a SAMU. "E o escândalo? E a saia justa quando chegaram os paramédicos?", pus-me a conjecturar.

Um assunto desse jaez você não guarda consigo, não é mesmo? Eu não o guardei. Contei à minha esposa: “Lu, vem ver essa notícia aqui!”. “Meu Deus!..., disse Lu, e completou: "...Que lance mais tragicômico()...” Adianto-me a explicar que minha esposa, de tão delicada e educada que é, não diz palavrões e tem o costume de falar tudo no diminutivozinho (é Volninho, é neguinho, é dorzinha, é fominha, cansadinha etc. É tão bonitinho quando ela fala!), mas não dá para reproduzir, aqui, a sonorização da palavra “tragicômico” no seu grauzinho diminutivo, como ela inadvertidamente falou.  

Sempre achei que morrer biologicamente não fosse lá algo só ruim, especialmente se a forma de morrer for dormindo ou gargalhando, por exemplo. Na primeira forma (dormindo) o sujeito nem acorda "zzzzz... zzz... z... ..." (tentam acordá-lo em vão);  nem sabe que morreu, até que São Pedro faça cair sua ficha. Na outra, a gente não pode negar que a pessoa teve uma morte feliz, pois estava gargalhando (após uma boa piada, por exemplo) "...KKKKKKK! Essa é boa! KKKKK! O papagaio pedindo à galinha para os pintinhos dela terem 'pena' dele ... KKKKKKK (e morre num apagão definitivo.....)". Ao tomar ciência desse inusitado modo de morrer (gozando), apressei-me em acrescentá-lo ao meu rol de maneiras "maneiras" de se morrer.

Depois de espalhar essa notícia com alguns amigos em conversas amenas, resolvi dar um mergulho mais profundo nessa tragédia e procurei mais detalhes no site G17, especialmente nos comentários postados pelos internautas visitantes. Tem gente para tudo.

Você não vai acreditar, mas teve internauta fazendo comentários do tipo: “Que maneira mais GOZADA de morrer!”. Há muitos comentários, uns até gozados (desculpe a inevitável reincidência desta palavra). Um dos comentários sugeria que a incauta amante sucumbente, lá pelo segundo ou terceiro minuto do êxtase teria tentado avisar à sua amante do quê estava sentindo, quando ela teria cantado parte da música de Michel Teló ("... assim você me mata!"); Imagina-se, pelo desenrolar do fato, que, nessa hora, a garota sobrevivente apenas pensou que sua parceira estava em dia com as paradas de sucesso e, animada, caprichou ainda mais na performance! E há outros engraçados, como aquele de um carinha que pede o telefone da amiga que sobreviveu à sessão de luxúria. É que o negócio era mesmo tragicômico. É realmente gozado....

A internet é uma fonte inesgotável de informações. É, também, uma excelente ferramenta de trabalho. Como advogado que sou, aboli o uso de livros e códigos pesados e volumosos. Não mais  compro códigos físicos porque a internet me fornece gratuitamente essa fonte de consulta de forma absolutamente fidedigna: o próprio órgão em que se sanciona a nova norma legal a sistematiza, publica, atualiza.

Mas é preciso ter muito cuidado com o que se lê e se vê na internet. Atente para o que eu disse no parágrafo anterior ao definir a internet como “fonte inesgotável de informações”. Eu não qualifiquei o substantivo “informações” com adjetivos do tipo “seguras”, “corretas”, ou “verdadeiras”.  

Sabedor de que os noticiários televisivos não têm mais escrúpulos e mostram de um tudo, desde o trágico ao bizarro (filmagens de assassinatos covardes, acidentes, explosões de caixas-eletrônicos), estranhei o fato de ninguém ter comentado, por exemplo, que o Datena tivesse dado essa notícia, e resolvi amainar minha inquietude.

Numa olhada mais atenta no site que veiculou aquela notícia, o G17 (a matéria foi reproduzida em dezenas de outros sites), tive que refazer toda minha linha de raciocínio e de pensamentos sobre o caso. O que me chamou a atenção foi a logomarca do site, em que, até então, eu não havia prestado atenção:


Em letras minúsculas, quase imperceptíveis, a logomarca do G17 tem o seguinte slogan: Sem compromisso com a verdade. (Se você posicionar o cursor sobre esta  frase, apertar a tecla Ctrl e, mantendo-a apertada, girar para a frente o botão que fica na parte superior de seu mouse, você conseguirá enxergar melhor. Conseguiu?)

Depois de ler o slogan do site, ou seja, “SEM COMPROMISSO COM A VERDADE”, passei a me indagar: “E agora? Será que aquilo foi verdade mesmo ou foi só uma brincadeira? Sinceramente, ainda não sei. Mas resolvi contar esta história aqui no meu blog para compartilhá-la com meus leitores e até para pedir ajuda no sentido de saber se é verdade ou mentira!

Moral da história: a internet é realmente esta estrada fantástica na tela à nossa frente. Lembra-me a letra de Belchior "Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente...!". Entementes, é um território às vezes sem dono, outras vezes sem escrúpulos, mas sempre rico em conteúdo - e cheio de lobos maus vestidos em pele de loiras gostosas. Não dá para acreditar em tudo que a gente lê. É preciso filtrar as fontes e checar a veracidade dos fatos. 

Ah, já ía me esquecendo: no site G17, na página dessa matéria da morte por gozo, tem um comentário de um gaiato prometendo dar o mesmo prazer prolongado a qualquer mulher sem, necessariamente, levá-la à morte. Quem vai se habilitar, hein?

VOLNEY AMARAL

Não percam o próximo artigo a ser publicado em 20/03/2012: “Bichas e Deputados” (título provisório).

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Comentários

  1. Olá, Volney
    Interessante sua reflexão sobre as informações da internet! Isso me faz lembrar do Mito da Caverna de Platão...? Os homens viviam na escuridão e "de repente" viram a luz, o conhecimento... Mas agora está acontecendo o contrário: através da luminosidade, claridade as pessoas em frente à TV, internet e todas essas parafernálias estão mergulhando na escuridão!!!!
    É assustador, não???
    Abçs
    Ivanilde

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  2. O texto poderia ser menor

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    1. Agradeço sua crítica e colaboração. Na verdade, antes da publicação, o texto era ainda maior e foi reduzido. Concordo que a extensão do texto pode desestimular o leitor a completar a leitura. Trabalharei nesse sentido nos próximos artigos.

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